Dados recentes divulgados pela ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mostram os vegetais campeões em agrotóxicos no Brasil, além de dados alarmantes sobre a presença desses defensivos agrícolas em vários alimentos consumidos regularmente pelos brasileiros.
No Brasil, o uso dessas substâncias cresceu de forma significativa nos últimos anos. Este aumento traz consigo uma preocupação crescente quanto à segurança alimentar e aos impactos na saúde pública. Confira!
Pesquisa: principais vegetais com altos níveis de agrotóxicos
No Brasil, alguns vegetais apresentam níveis preocupantes de agrotóxicos, cujas substâncias podem ser prejudiciais à saúde. Segundo informações divulgadas pela Anvisa, uma parte considerável dos alimentos de origem vegetal possuem agrotóxicos em um nível acima do permitido. Por isso, é importante que você esteja ciente dos produtos mais afetados.
A pesquisa faz parte do PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos), criado pela organização para monitorar o impacto do uso de agrotóxicos e traçar novas alternativas.
O programa, inaugurado em 2001, apresentou dados de 2018, 2019 e 2022, já que o estudo precisou ser pausado durante a pandemia. Foram analisadas mais de 4.600 amostras de 14 alimentos de origem vegetal, tais como: abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Alimentos, aliás, muito comuns no prato do brasileiro!
Nesse sentido, foram examinados até 270 tipos diversos de produtos químicos agrícolas, cujos vestígios foram detectados em 51% das mais de 4,6 mil amostras examinadas. Em 28% dessas amostras, foram observados resíduos com concentrações dentro dos limites permitidos ou abaixo deles, enquanto em 23% dos alimentos foram identificadas substâncias que ultrapassavam os limites permitidos ou estavam proibidas para a cultura em questão.
Ranking dos vegetais campeões em agrotóxicos, de acordo com a Anvisa
Confira os 5 vegetais campeões em agrotóxicos no país de acordo com a Anvisa e entenda como a organização chegou a esses resutados:
1. Pimentão
O pimentão é o primeiro da lista! Sim, há um alto índice de agrotóxicos não autorizados no seu cultivo: 263 das 326 amostras analisadas (80% do total) mostraram a presença de resíduos de agrotóxicos não aprovados para o cultivo de pimentão. Adicionalmente, entre os 195 tipos de agrotóxicos pesquisados, foram identificados 69 deles, enquanto 79 amostras excederam os limites permitidos de resíduos.
2. Goiaba
Em segundo lugar, a goiaba aparece como a fruta com maior incidência de agrotóxicos. Entre as 283 amostras examinadas, 115 delas (40% do total) continham resíduos de defensivos agrícolas não autorizados. Além disso, 18 dessas amostras apresentaram resíduos acima dos limites permitidos, conforme a análise realizada.
3. Cenoura
Da mesma forma, verificou-se o uso de agrotóxicos não permitidos. Entre as 353 amostras analisadas, 139 delas continham resíduos de agrotóxicos não autorizados para o cultivo em questão. Ainda, foram identificados 30 tipos de agrotóxicos dentre os 153 pesquisados.
4. Tomate
Um total de 316 amostras foram examinadas, revelando a presença de 45 tipos de agrotóxicos entre os 151 investigados. Dessas, 8 apresentaram resíduos que ultrapassavam os limites permitidos, enquanto em 106 amostras foram detectados resíduos de agrotóxicos não autorizados para a cultura.
5. Laranja
Entre as 382 amostras analisadas, 48 delas continham agrotóxicos não autorizados, enquanto em 5 amostras foram detectados resíduos que excediam os limites permitidos.
Conforme a pesquisa deixou claro, é fundamental que existam não só mais iniciativas de conscientização a respeito do uso correto agrotóxicos, mas também visando a diminuição do uso desses produtos pela indústria agrícola.
Impactos dos agrotóxicos na saúde humana
Quando você consome vegetais contaminados por agrotóxicos, pode estar exposto a riscos significativos. Isso porque os agrotóxicos podem causar efeitos agudos e crônicos na saúde.
Efeitos agudos: decorrem da exposição em altas doses e podem incluir:
- Náuseas
- Tonturas
- Dores de cabeça
- Vômitos
- Diarreia
Efeitos crônicos: resultam da exposição prolongada, mesmo em pequenas doses, e podem ser mais graves:
- Câncer
- Distúrbios endócrinos
- Problemas neurodegenerativos
- Alterações reprodutivas
Nesse contexto, os grupos mais vulneráveis aos impactos são trabalhadores rurais e pessoas que vivem próximas a áreas de cultivo. No entanto, mesmo em ambientes urbanos, a contaminação de alimentos pode vir a afetar sua saúde.
Grupo de Risco | Razão da Vulnerabilidade |
---|---|
Crianças | Sistemas em desenvolvimento, menor peso corporal |
Gestantes | Desenvolvimento fetal pode ser afetado |
Idosos | Redução da capacidade de metabolizar toxinas |
Trabalhadores Rurais | Exposição direta e prolongada |
Para minimizar riscos, considere:
- Lavar e descascar vegetais
- Consumir produtos orgânicos
- Incentivar práticas agrícolas sustentáveis
Diante disso, lembre-se que a segurança alimentar começa com escolhas conscientes e informadas sobre o que você coloca em sua mesa.
Regulamentações e Limites de Agrotóxicos no Brasil
No Brasil, a regulamentação de agrotóxicos é uma competência compartilhada entre diferentes órgãos governamentais: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Juntos, estabelecem limites seguros e procedimentos para o registro, controle e monitoramento dessas substâncias.
Lista de Agrotóxicos Permitidos e Proibidos:
- Agrotóxicos são classificados em categorias de toxicidade – extremamente tóxicos (classe I), altamente tóxicos (classe II), medianamente tóxicos (classe III), pouco tóxicos (classe IV), improvável de causar dano agudo (classe V)
- A atualização da lista se dá periodicamente, refletindo mudanças baseadas em novas evidências científicas
Limites Máximos de Resíduos (LMR):
- A ANVISA estabelece o LMR, que representa a quantidade máxima de resíduo de agrotóxico legalmente tolerada em um alimento. Esses limites são baseados em análises de risco, que incluem estudos toxicológicos e de exposição alimentar.
Monitoramento:
- O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), conduzido pela ANVISA, monitora os níveis de agrotóxicos em alimentos comercializados no país
- Anualmente, a divulgação dos resultados das análises realizadas pelo PARA influencia tanto o reforço da fiscalização quanto a reavaliação de agrotóxicos já registrados
Tenha em mente que a sua segurança alimentar é impactada diretamente por estas regulamentações, portanto é importante ter consciência do papel das autoridades no controle rigoroso dos níveis de agrotóxicos presentes nos alimentos que você consome.
Redução do uso de agrotóxicos é viável?
Ainda que existam muitos interesses envolvidos na utilização de defensivos agrícolas, você pode encontrar diversas iniciativas que buscam reduzir a utilização desses agrotóxicos ao redor do mundo.
Por outro lado, ainda precisamos de mais educação, cultura e conscientização, tendo em vista que a tecnologia existente hoje somada ao nosso conhecimento mais ancestral de como manejar a terra promovem uma saída ecologicamente correta para isso.
Então, quais medidas podem ajudar a garantir a segurança alimentar e a proteção do meio ambiente?
Mais programas governamentais: precisamos de mais e mais programas governamentais como o Plano Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA), que promove a agroecologia e a produção orgânica. E como o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), que monitora e controla os níveis de agrotóxicos nos alimentos.
Leis e regulamentações melhores: há esforços para tornar o uso de agrotóxicos mais rigoroso e promover práticas agrícolas sustentáveis, mas há ainda uma certa resistência à isso.
Incentivos para agricultura orgânica: existem programas que oferecem incentivos fiscais e técnicos para produtores que adotam práticas orgânicas e o uso de biopesticidas, os quais são menos prejudiciais ao meio ambiente, porém ainda não são suficientes.
- Educação e Conscientização: campanhas educativas desempenham um papel fundamental ao informar os produtores sobre os riscos associados ao uso excessivo de agrotóxicos e ao incentivar métodos alternativos de controle de pragas.
Pesquisa e desenvolvimento: investimentos em pesquisa permitem o desenvolvimento de tecnologias agrícolas mais seguras e eficientes. Variedades de culturas resistentes a pragas e métodos de manejo integrado de pragas são exemplos de soluções inovadoras.
- Cooperação e Parcerias: a união de esforços entre setores públicos, privados e ONGs amplia o impacto das iniciativas e facilita a troca de conhecimento e experiências bem-sucedidas na redução do uso de agrotóxicos.
Saber quais são os vegetais campeões em agrotóxicos no Brasil permite que você faça escolhas mais saudáveis e esteja muito mais atento na hora de limpar os produtos, especialmente no caso de uma alimentação rica em vegetais, como é o caso da dieta plant-based.
Além do mais, entender os riscos associados ao consumo desses resíduos é vital para a sua saúde e bem-estar, e também é um direcionador para políticas públicas mais eficazes na regulação do uso de pesticidas na agricultura nacional.